A Última Parte do Mundo
De um lado estão as loucas.- Mas não as loucas. – Elas clamam por seus filhos e de joelhos conversam com eles. – Mas como sabemos todos que não há medicina para destroçados… – nada! – ninguém responde. -De um lado estão as loucas. – Mas não as loucas! – Somente os incontáveis – filhos de boa família e uma ampla consciência tranqüila. – Estas são as loucas. – Mas não as loucas. – Eu encontrei câmaras de gases nos espelhos e – sentado – sem meias e sapatos – escutei as lamúrias da geladeira nas orelhas: – “Estes anos vivi com o terror atravessado nos calcanhares – e um dia percebi que as coisas – quando andam assim – o melhor é enterrar-se nas botas – e deixar ao Sol os dejetos pessoais. – E você?”. – De um lado estão os homens. – Eles clamam por seus filhos e de joelhos conversam com eles. – Mas não os homens. – Somente o gesto rígido que anuncia: – “tenho a consciência tranqüila!”. – Estão aí as loucas. – Mas não as loucas.
(Poema do amigo e colaborador Luis Fernando Jurkowitsch)